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A criança é feita de cem /A criança tem cem mãos/ cem pensamentos/ cem modos de pensar/ de jogar e de falar/ Cem sempre cem/ modos de escutar/as maravilhas de amar/Cem alegrias/ para cantar e compreender/ Cem mundos/ para descobrir/ Cem mundos/ para inventar/ Cem mundos/ para sonhar/ A criança tem/ cem linguagens/ (e depois cem cem cem)/ mas roubaram-lhe noventa e nove/ A escola e a cultura/ lhe separam a cabeça do corpo. (Trecho de “As Cem Linguagens da Criança”, de Loris Malaguzzi – precursor da hoje conhecida e difundida “inspiração Reggio”, que permeia os trabalhos da Villa dei Bambini desde a nossa fundação). O número cem é provocador, a fim de reivindicar para todas essas linguagens não só a mesma dignidade, mas também o direito de comunicação de umas com as outras. Por exemplo, quando se desenha, dá sustentação não apenas à linguagem gráfica, mas à verbal também, porque você aprofunda o conceito. E quando o conceito é aprofundado, as linguagens são enriquecidas – processo permanente. Em verdade, o cem é uma simbologia. Cada criança tem infinitas formas de manifestação própria e, consequentemente, cem linguagens comunicativas. Dentre as atividades descritas na grade de horários enviada aos pais dos bebês da Fase 1 e Fase 2 do nosso Berçário, encontramos os termos “Linguagem Musical”, “Linguagem Corporal”, “Linguagem Visual” e “Linguagem Plástica”. São algumas das linguagens iniciais, que podem e devem ser trabalhadas em qualquer idade. Tratam-se de, como o próprio nome diz, atividades executadas com objetivo específico de desenvolvimento de uma área do cérebro do bebê através de recursos técnicos e claros, para que se acompanhe o avanço sensorial buscado e adquirido com aquele grupo. Saibam um pouco do objetivo de cada linguagem, e assim, ampliem esse conceito com os estímulos sugeridos em casa também: Linguagem Musical: ampliar o repertório musical das crianças através das canções trabalhadas individualmente e em grupo. Utilizamos diferentes instrumentos e gestuais (como bater palminhas por exemplo). A proposta traz jogos musicais, canções, parlendas, trava-línguas, etc. E apresentamos aos bebês diversas ferramentas sonoras e sensoriais como “pau-de-chuva”, chocalhos, lenços coloridos, papel celofane, pandeiros, elástico gigante colorido (para percurso e atividades coletivas sentados), etc… Linguagem corporal: oferecer desafios e obstáculos (estimulação motora). Buscamos estimular os bebês a explorar diferentes espaços através do movimento como engatinhar, rolar, sentar, manipular objetos, arrastar-se, etc. Usamos o próprio corpo da criança nos estímulos, mas também os rolos espumados, diversas bolas, inclusive a usada na modalidade pilates, os circuitos com diferentes alturas, tecido para puxá-las sentadas, bexigas, caixas de brinquedos, etc. Linguagem visual: explorar cores, transparências, formas e movimentos. Usamos ambientes escuros com focos de luz de lanternas, lanternas sobre o papel celofane ou laminado, dança com lenços coloridos, bolinhas coloridas com suas cores nomeadas a cada estímulo, figuras de animais, brincadeira com dedoches (movimento em frente aos olhos), livros acartonados e rodas de história, etc. Linguagem plástica (somente para Fase II): arte com diversos materiais. Usamos giz de cera macio no papel (produções individuais e em grupo), pintura livre com giz no azulejo, pintura livre usando guache. Para os bebês da Fase II os estímulos de todas essas linguagens se misturam na área de recreação coberta, com a brincadeira livre em um espaço com: – painéis sensoriais; – lousa; – caixa de areia com potes; – bolas e caixas; – circuitos (tapetes e obstáculos); – varal de bexigas, – e brinquedos criados para determinadas buscas (inovamos e produzimos muitos brinquedos o tempo todo).
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